quarta-feira, 20 de maio de 2009

Mario Benedetti

Putz , não é que aconteceu de novo ??
Falei que iria postar com mais tempo e todo aquele bla bla bla e fiquei tanto tempo sem nada ...
Mas vamos la , continuar e seguir em frente .
Vida corrida , muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo .
E tambem rolou um virus que deixou o micro um bom tempo de molho.
A coisa foi meio feia .
Mas passou .


E vamos la , eu fiquei com muita vontade de escrever sobre uma pessoa que se foi no domingo passado: Mario Benedetti .
Não sei exatamente porque eu quis escrever sobre ele .
Conheci assim que eu entrei na livraria e desde então ja se tornou uma unanimidade ( mesmo contrariando Nelson Rodrigues , que dizia que as unanimidades são burras ) pra mim .
Quando eu li A Trégua , fiquei devastado . Eu sempre li muito , mas talvez eu sempre fui pelos caminhos mais fáceis , mais tranquilos , alguns best-sellers ...
E quando eu pude escolher melhor , comecei com um Ian McEwan , um Philip Roth e Um Benedetti.
E mesmo não conseguindo fazer um paralelo entre esses tres escritores (estilo , escrita , histórias e manias e obsessões ) , Benedetti me marcou de uma forma que os outros não conseguiram.
- não quero desmerecer os dois , pelo contrário , os dois são fantásticos - e inclusive aguardo o novo do roth, Indiganation, como poucas coisas esse ano .
Pode ser a simpatia natural , afinal , velhinho de 88 anos , Uruguaio , Infelizmente não tão conhecido no Brasil, com pouquissimos titulos publicados aqui, Totalmente de esquerda , teve que ficar exilado por um bom tempo, simpatizante de Cuba ...
Realmente poderia ser um desses motivos , mas talvez sejam todos esses com um ainda mais importante : A Literatura.
Porque no final das contas é isso o que realmente importa.
E com ele foi uma coisa estranha .
Quase todas as pessoas que eu conheci tinham uma adoração por ele. E fui em frente e comecei pelo melhor : A trégua.
E foi como um soco no estomago. A forma como ele descreve , a honestidade que causa um desconforto enorme . A história simples : Um homem de 55 anos , prestes a se aposentar com 3 filhos ja adultos que não sentem nenhuma admiração ( pelo contrario ) por ele e ainda por cima viúvo ha um bom tempo. O livro todo é escrito como em forma de um Diário . E é exatamente por isso que acontece essa honestidade , ele não precisa esconder nada de ninguem. E a duvida maior é se ele se aposenta ou não , se escolher que sim , vai deixar de lado a unica atividade que o mantem vivo ( mesmo não gostando tanto do trabalho ) . E aparece um personagem que vai mudar a vida dele. E enfim conceder uma tregua , tantas vezes necessária.
Livro fantastico . Me emociono só de lembrar.
Li ainda Correio do tempo e tenho Gracias por el Fuego.
E numa coincidencia estranha terminei o ultimo livro publicado no brasil , na segunda feira , no dia que eu soube do falecimento no domingo.

Primavera Num espelho Partido . ( que nome lindo ... )
Duas histórias paralelas com varios focos narrativos : Primeira de Santiago , preso politico e com certo orgulho de suas convicções , mas que deixou para tras um Pai ( Dom Rafael ) com que começava a ter um relacionamento de verdade , A Amada Graciela e a filha que el mal conhece Beatriz . Cada capitulo de um personagem , e um modo de ver as situações , ideais , exilios , sonhos , desejos e continuamos a amar as pessoas da mesma forma ??
História incrivel .
E junto com essas histórias , aparece sempre um capitulo chamado : Exílios , onde o próprio Bedetti conta sua história , passagem por Peru , Buenos aires , Cuba e Espanha. nem preciso dizer que gostei muito mais dessa parte , por mim o livro seria só de lembranças dele .
Mas essaparte dele contando suas memórias de exialdo se encaixa muito bem com o resto do livro que é de uma beleza/melancolia absurda . E pra variar um pouco um ótimo e verdadeiro final.
Ainda estou encantado com o livro .
Adorei , muito mesmo .


"Enrolou e desenrolou muitas vezes uma de suas lindas medeixas negras e depois disse, deixe-os sem deixa-los, não intervenha a não ser que peçam, deixe-os e verá que a vida não somente continua, como diz você, mas tambem se acomoda, se reajusta. Talve tenha razão. Todo esse terremoto nos deixou mancos, incompletos, parcialmente vazios, insones. Nunca mais seremos o que eramos antes. Melhores ou piores, cada um saberá. Por dentro, e às vezes por fora, uma tormenta passou sobre nós, um vendaval, e essa calma de agora tem arvores caídas, telhados desmoronados, terraços sem antenas, escombros, muitos escombros. Temos que nos reconstruir, é claro: Plantar novas árvores, mas talvez não haja nos hortos as mesmas mudas, as mesmas sementes. Erguer novas casas, fantástico, mas será melhor que o arquiteto se limite a reproduzir fielmente o projeto anterior ou será infinitamente melhor que o repense o problema e desenhe um novo projeto, que contemple as nossas necessidades atuais ? Remover os escombros, dentro do possível, pois tambem haverá escombros que ninguem poderá remover do coração e da memória. "
Primavera con una esquina rota

Palmas que foi embora um gênio.
Mario Benedetti

14 de setembro de 1920 — Montevidéu, 17 de maio de 2009

Um comentário:

  1. Nossa cara fiquei interessado procurarei esse autor :D E continue postando hein ^^

    Abraço!

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Uma vida Iluminada